O Sopro de Adão

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O Sopro de Adão é uma odisséia iniciática onde amor, mistérios antigos e busca interior se entrelaçam no coração dos desertos do Egito, nas montanhas do Himalaia e nas cidades perdidas. Layla e Ilyas, duas almas unidas pelo destino, devem impedir que uma força obscura corrompa a própria essência da humanidade. Uma jornada que o levará bem além das fronteiras do mundo… até o centro do seu próprio coração.

Description

Imagine um mundo onde os mitos são mapas, as estrelas são guias e o amor é uma bússola infalível. O Sopro de Adão o leva pelos passos de Layla, a leitora do céu, e de Ilyas, o guardião das palavras, duas almas gêmeas lançadas em uma corrida contra o esquecimento e a corrupção. Desde os rumores de Alexandria aos picos gelados do Himalaia, sua jornada é muito mais do que uma aventura: é uma busca para salvar a faísca divina em cada ser humano.

Seu inimigo? Malik Al-Dabir, um herdeiro das trevas que cobiça um saber proibido para quebrar o equilíbrio do mundo. Mas a verdadeira batalha não se trava apenas contra sombras externas. Ela acontece em cada um de nós, entre o medo e a fé, entre o caos e a harmonia. Este romance encantador mistura com graça esoterismo, romance e aventura, transformando cada capítulo em uma etapa em direção à luz interior.

Deixe-se levar. O Sopro de Adão não é apenas um livro, é um sopro de vida, um vibrante lembrete de que mesmo nas trevas, o amor e o conhecimento podem traçar um caminho para o despertar. Porque às vezes, para salvar o mundo, basta encontrar o próprio centro.

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56

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Capítulo 1: O Eco do Farol

Alexandria despertava em um turbilhão de sons e cores. O mercado perto do porto ecoava com os chamados dos mercadores, os golpes surdos dos martelos nos tonéis, o grito dos gaivotos que arrancavam pedaços de peixe. Os eflúvios de azeite de oliva, de coentro e de peixe seco misturavam-se ao cheiro mais acre dos animais amontoados em gaiolas de madeira. Entre os balcões coloridos, Layla e Ilyas esgueiravam-se, seus rostos escondidos sob véus simples, como dois anônimos na multidão.

A cidade vibrava com mil línguas. Ouviam-se o grego dos filósofos, o árabe dos mercadores do deserto, o hebraico dos escribas, o copta antigo murmurado nos templos, e até mesmo acentos vindos da Índia ou de mais longe ainda. Seus passos ecoavam nas lajes e projetavam poeira e areia. Atrás deles, sempre aquela impressão de estarem sendo seguidos, de sentir uma sombra na multidão — uma presença que se esquivava assim que tentavam fixá-la.

Layla ajustou seu véu para se proteger da poeira que o vento marinho trazia para as ruas. Seus olhos escuros brilhavam de uma curiosidade insaciável. Filha de um astrônomo desaparecido cedo demais, ela crescera entre mapas celestes e manuscritos manchados de tinta. Herdara uma precisão rara, uma habilidade de ler as estrelas como outros lêem um livro. Seu espírito rápido abarcava os sinais, os motivos, as correspondências, e apesar de sua jovem idade, alguns sábios a chamavam de « a leitora do céu ».

Ao seu lado caminhava Ilyas, de estatura mais imponente. Nele se via a força esculpida por longas viagens: ombros sólidos, o passo seguro de um homem acostumado a estradas poeirentas e ventos contrários. Mas sob essa aparente rudeza escondia-se um olhar atento e doce. Ele tinha o dom de notar o detalhe que outros esqueciam. Vindo de uma família de escribas, carregava em si a memória das palavras. Podia decifrar ou copiar textos antigos, mas lia além das palavras. Ele compreendia o sentido profundo de uma ciência discreta, quase perigosa.

Um vínculo evidente, gritante, os unia, forjado por anos de travessias, paradas em caravanserais barulhentos, vigílias ao lado do fogo onde suas vozes se respondiam. Ilyas observava o mundo com a paciência de quem busca, Layla o examinava com o ímpeto de quem quer compreender. Juntos, formavam um equilíbrio frágil: a tinta e a estrela, a memória e a intuição.

— Procuram tâmaras frescas? — gritou um mercador, estendendo-lhes um prato.

Layla esboçou um sorriso, recusou com um gesto educado. O velho homem insistiu, oferecendo-lhe uma figueira seca. Ilyas aceitou para não magoá-lo e agradeceu com um aceno de cabeça. Mais adiante, uma criança lhes ofereceu conchas polidas pelo mar. Layla pegou uma em sua mão, examinou-a por um instante, e, divertida, deslizou uma moeda de cobre na palma do menino.

Esses encontros não tinham nada de excepcional. Mas lembravam a Layla e Ilyas que, por enquanto, eram apenas dois viajantes entre a multidão. No entanto, sob o burburinho do mercado, outras vozes se elevavam, mais baixas, como murmúrios entre duas transações. Fragmentos de histórias circulavam, perturbadores, carregados de uma inquietação que ninguém ousava expressar muito alto.

Falava-se de sábios desaparecidos, engolidos por escritos que nunca deveriam ter consultado. Copistas haviam se evaporado após trabalhar em rolos muito antigos, mapas celestes anotados por uma mão desconhecida. Alguns foram encontrados, atordoados, incapazes de articular uma palavra, seus olhos fixos em constelações invisíveis para os mortais comuns. Outros haviam desaparecido sem deixar rastro, como engolidos pela própria cidade.

Um mercante de especiarias vanglorioso, a pele curtida pelo sol, sussurrou a Ilyas enquanto lhe estendia um saquinho de canela:

— Meu vizinho, um tradutor grego, copiou um texto chamado Os Navios do Mestre. Três noites depois, ele foi visto vagando perto do farol, repetindo que ouvia vozes no vento marinho. Depois, desapareceu. Encontraram apenas sua lâmpada de óleo, apagada, colocada no limiar de sua casa.

Layla franziu a testa sob seu véu. Esses rumores talvez fossem apenas superstições de mercado, nascidas do medo dos conhecimentos proibidos. Mas a sombra que os seguia desde sua chegada a Alexandria parecia subitamente mais próxima, mais insistente.

Eles continuaram seu caminho, em silêncio, cada um mergulhado em seus pensamentos. A cidade continuava seu tumulto, mas por trás das vozes e das cores, algo havia mudado: uma tensão surda, como se os becos escuros, as colunas de pedra ou as fontes de Alexandria observassem seus hóspedes.

Naquela noite, ao medo habitual das sombras, juntou-se uma nova fascinação. Pois acima do rumor da cidade, o farol de Pharos havia lançado um brilho inusitado. Sua grande chama, alimentada por óleo, girava como sempre, mas por um instante fugaz, a luz se concentrou, como se uma mão invisível tivesse guiado seu raio. Ele atingiu o flanco de um obelisco erguido perto do palácio real, revelando o brilho de um símbolo discreto gravado na pedra.

A maioria dos passantes viu apenas um reflexo banal. Mas Layla, cujo olho se aguçara na leitura de mapas celestes, parou abruptamente. O clarão de luz havia feito aparecer um entrelaçamento de sinais quase apagados pelo tempo. Ilyas, intrigado, seguiu seu olhar. Seus lábios murmuraram, como para si mesmo:

— Isso não é uma simples decoração… olhe a forma.

Lá, à vista de todos, mas escondido há séculos, um hieróglifo ganhava vida: um círculo atravessado por uma linha quebrada, como uma espiral interrompida. Para um olho profano, era um arranhão ou uma fissura natural. Mas para quem conhecia os antigos relatos, era o selo da « criação corrompida », a marca deixada pelos Vigilantes, guardiões e corrompedores do primeiro mundo.

Um arrepio percorreu Layla. Ela teve a impressão de que o farol, por uma linguagem muda, havia lhes indicado um caminho.

— Por que esse sinal, agora? — sussurrou ela.

A luz apagou-se tão subitamente quanto havia vindo. O obelisco tornou-se mudo novamente, submerso na penumbra e na poeira da cidade. Mas seus olhares sabiam o que haviam visto.

Eles trocaram um sinal tácito e correram, como impulsionados por uma força que não compreendiam. Na base do obelisco, meio escondido pela poeira, um segundo símbolo se esboçava: uma espiral minúscula gravada na própria pedra. Layla apontou com o dedo.

— Lá. Você vê?

Ilyas assentiu. Uma fissura na parede vizinha formava quase a mesma figura. Era uma coincidência? Ou um fio de Ariadne traçado por uma mão antiga?

Eles deixaram-se guiar. A cada esquina, um sinal discreto os chamava: um hieróglifo meio apagado em um estela, um motivo repetido nos mosaicos, uma marca entalhada na madeira de uma porta. A cidade, agitada e barulhenta, parecia ignorar essas mensagens mudas. Mas para eles, as pedras falavam.

Os becos ficaram mais estreitos, mais escuros. O perfume das especiarias e dos incensos cedeu lugar ao cheiro azedo de algas e poeira úmida. O barulho do mercado apagou-se atrás deles, substituído por seus passos ecoando na pedra desgastada.

Layla apertou-se contra Ilyas.

— Tenho a impressão de que nos empurram para algo…

Ele assentiu, seus olhos examinando cada sombra. O medo e a curiosidade entrelaçavam-se, apertando seus peitos com o mesmo grilhão.

Eles finalmente chegaram a uma pequena praça quase vazia, dominada por uma estátua colossal, meio desmoronada, que parecia vigiar há séculos. Com mais de três metros de altura, ela representava Seth, o deus do caos e das tempestades, congelado em uma postura ao mesmo tempo protetora e ameaçadora. O granito escuro de seu corpo impunha poder: seus músculos congelados davam a impressão de que ele guardava a cidade, imutável e indiferente à passagem do tempo.

O rosto meio humano, meio divino, trazia as marcas dos séculos: nariz desgastado, lábios apagados, pedra polida pela areia. Ainda assim, seus olhos vazados pareciam ainda vivos, examinando os intrusos com uma vigilância silenciosa.

No peito e nos braços, hieróglifos descontínuos — espiras quebradas, linhas inacabadas — sussurravam segredos de outro tempo.

Na base, entre os destroços de pedras e mosaicos, uma espiral interrompida vibrava com uma energia antiga, carregando uma mensagem, como uma promessa, um aviso ou uma chave para quem soubesse decifrar o invisível.

Foi então que uma silhueta se destacou do pedestal, surgindo da escuridão como uma aparição.

Um velho homem estava lá, imóvel. Sua pele era pergaminho, sulcada por rugas profundas que contavam décadas de conhecimento e segredos, e suas mãos, nodosas e poderosas, pareciam capazes de segurar o mundo ou quebrá-lo. Mas o que mais impressionava eram seus olhos: de um azul gelado, quase sobrenatural, eles queimavam com uma intensidade que perfurava a sombra e os examinava até o mais íntimo de seu ser. Um silêncio opressor caiu sobre eles, sufocante, esmagador. Layla sentiu seu coração congelar, Ilyas respirou com dificuldade, e em um instante, todas as suas defesas ruíram diante dessa presença imponente, que parecia conhecer cada um de seus segredos antes mesmo que eles tivessem pronunciado uma palavra.

— Vocês viram, disse ele simplesmente.

Sem mais uma palavra, o Guardião os guiou pelos corredores sombrios e ecoantes de um Osireion — esses santuários subterrâneos dedicados à memória do deus Osíris. A pedra parecia vibrar sob seus passos, como se cada eco carregasse um segredo antigo. Tochas vacilantes, paredes lisas e úmidas, cheiro de pedra e resina: tudo naquele lugar impunha respeito e medo.

Layla lançou um olhar para Ilyas. Sua respiração quase extinta, seu coração batendo irregularmente. Seria ele realmente um guia ou um engano? Cada passo parecia pesar séculos. E se tudo isso fosse apenas uma armadilha, cuidadosamente orquestrada para atraí-los para um labirinto onde a verdade e o perigo se confundiam?

Ilyas sentiu a tensão em seus músculos. Ele conhecia as lendas do Osireion, os sussurros daqueles que haviam penetrado seus corredores e nunca mais foram vistos. « E se estivermos errados? » murmurou ele, quase para si mesmo. « E se o Guardião não for um guardião? »

Mas, através do medo e da desconfiança, uma curiosidade irresistível os impulsionava a avançar. Cada passo em direção ao coração do santuário parecia responder a um chamado invisível, como se o próprio Osireion quisesse lhes falar.

« Observem atentamente… » murmurou ele finalmente, seus olhos gelados fixos na pintura mural. Sua voz tremia imperceptivelmente, como se carregasse o peso de séculos, o peso de vigiar e de um conhecimento demasiado pesado para um único homem. Sentia-se que ele não apenas enunciava uma verdade, mas a revivia, assombrado pelas visões que tivera de carregar sozinho no silêncio.

Um sorriso breve, quase doloroso, passou por seus lábios, sinal de uma luta interior que ele não procurava mais esconder. « É aqui que se escreve a história da criação corrompida. »

Layla e Ilyas observaram. Seres de traços indefiníveis, meio humanos, meio divinos, pareciam flutuar entre as linhas gravadas. O Guardião continuou:

Esses seres de sangue misturado, os Nefilins, foram privados de néchama — do sopro divino. Mas o que isso significa realmente? Por que a vida e a alma foram desviadas para alguns? Como o conhecimento pode ser corrompido e em que medida isso afetou o mundo que vocês conhecem?

Ele fez um gesto em direção a outra parede. Vagas gigantescas engoliam cidades inteiras, e, suspensos acima das águas, navios sem velas nem remos flutuavam no ar. Seus dedos apontavam para a cena sem paixão, sem entusiasmo, como se esse espetáculo, mil vezes contemplado na solidão dos séculos, tivesse finalmente se gravado nele. Podia-se adivinhar em seu olhar a sombra de uma antiga fadiga, aquela de um guardião condenado a carregar sozinho a memória dos desastres.

« O Dilúvio foi uma purificação ou uma punição? » perguntou ele, a voz ecoando como um vento através da pedra. « E esses navios… por que alguns escaparam da destruição? Que segredos ainda carregam? »

Ilyas murmurou, quase para si mesmo:

— Os « navios que não flutuam »… Eu os vi, nos símbolos de Al-Ula.

Layla sentiu um arrepio percorrer sua espinha. Cada desenho, cada símbolo, parecia fazer mais perguntas do que responder. Era um aviso? Um convite? Ou ambos?

« Esses Navios do Mestre detêm o conhecimento que vocês devem recuperar, » concluiu o Guardião.

Enquanto ele falava, fez um gesto circular com a mão: uma fumaça acre se elevou, contorcendo-se como um véu vivo. Pouco a pouco, um rosto se desenhou nas volutas, duro e imperioso: o de Malik Al-Dabir. Seus traços pareciam flutuar no ar, como uma aparição saída das trevas.

Layla abafou um grito, mas Ilyas estreitou os olhos. Por trás da encenação, ele havia adivinhado o truque: a fumaça, os pigmentos jogados no fogo, a maestria de um velho truque de um mágico itinerante. Ilusão ou verdade, a mensagem permanecia a mesma.

« Malik Al-Dabir e seus Khamsins já começaram sua busca, » continuou o Guardião, sua voz grave abafando o crepitar das chamas. « Eles buscam proteger o mundo ou mergulhá-lo no caos? A vocês cabe descobrir. »

Os olhares de Layla e Ilyas se cruzaram. Suas mãos se uniram, instintivamente, como para se tranquilizarem. Seus corações batiam no ritmo das perguntas que giravam em suas mentes. Como recuperar esse conhecimento antigo? E, acima de tudo, seriam capazes de preservar o que resta da ordem primordial?

A jornada para o leste, para a rota da Índia, esse deslocamento no mapa do mundo revelado, era uma imersão no desconhecido, uma iniciação a uma verdade que escapava a cada olhar. O amor e a confiança que tinham um pelo outro se transformavam em um fio condutor, frágil mas indestrutível, através do eco das eras e dos segredos enterrados.

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